segunda-feira, dezembro 08, 2008

golem


na fronte ainda úmida,
que a mão moldou, inacabada,
escrevo a sentença que te levará, sem ânimo ou vontade,
a todas as paisagens ocultas pela noite.
.
serás a força bruta além do entendimento dos oráculos,
e não conhecerás teus sonhos.
.
ninguém te perguntou se na fadiga
dessas mãos de barro algum sentimento adormeceu,
ou se esperam de ti o que não podes dar.
eu sei que, além de saibro, nada existe.
.
como te invejo, oh criatura mítica,
pelo que tens: a glória do indefinível!
o barro tudo assume, tudo cala.


Carlos Henrique Leiros


[no credits (elena retfalvi)]