quinta-feira, fevereiro 07, 2008

corpo sem fímbria


desperta, corpo sem fímbria,
que teus temores são como as madrugadas,
se acaso supões,
que das ansiedades se comprazem.
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desperta deste abençoado transe,
e não sentirás o vazio
a te lamber os pés, prometo eu,
mas que alguma coisa – como chaga – existe.

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Carlos Henrique Leiros
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[man with umbrella at the old lighthouse (tim holte)]

10 comentários:

Nena Dolores disse...

CH

Desperta...

Belo poema, caro amigo. Fico muito feliz de chegar aqui e me deparar com um desses fresquinhos.
Gostando do que escreve, viu...rs

Ainda não tivemos oportunidade de colocarmos nossa prosa em dia, mas tenho a impressão de que em breve o faremos, toda a turma como nos velhos e bons tempos.

devaneiosaovento disse...

Caro Amigo Ch,

Então de volta e nos trazendo poemas novos,percebo que as férias foram realmente inspiradoras.
Esse poema e a imagem fez-me lembrar (sou mesmo observadora, como vc sempre diz) de F. Pessoa,que resume em apenas uma frase(se me permite, deixarei aqui)

"Desperta DO sonho que a realidade não tem"

como Pessoa é puro paradoxo tem mais essa definição:

"Desperta PARA o sonho, que a realidade não tem"

paradoxos meu caro, paradoxos.

abraços Ch, saudade, anda muito ausente, espero que esteja tudo bem com vc mande notícias.

Anônimo disse...

Os sonhos contém alguma realidade e a realidade contem alguns sonhos. Estar entre os dois paradoxos é um outro sonho e uma outra realidade. Realidade essa que você acabou de criar aqui, meu caro.

Grande abraço

schadenfreude disse...

lindo poeta meu caro poeta,
mas permita me a pergunta,
existe?
escreves muito bem,e colocou nesse uns agudos que me atraem,paradoxos,
um corpo ja sem enfeites e sem chão,e ainda promete,
existe.
abraços.

schadenfreude disse...

perdoe me,
a frase correta seria,
lindo poema meu caro poeta,
abraços

Berta Helena disse...

Carlos, meu Amigo Poeta. Vou daqui mais uma vez enriquecida. Tão bonitas as tuas palavras, tão bonita a forma como exprimes a tua ideia. Linda a imagem.
Resumindo, apenas esta palavra: Belo.

Grande Abraço.

GP disse...

Obrigada pelas palavras simpáticas que deixou no aldrabas, batentes e fechaduras. Vim dar um volta por este espaço e gostei imenso. Bonitas palavras.

Um abraço

livia soares disse...

Olá, CH.
Talvez "corpo sem fímbria" seja um outro nome para "alma", quer dizer, para a alma antes de encontrar o caminho da própria imortalidade... fiquei a pensar e como sempre, tive de recorrer aos místicos do século XVII. Observo que sempre há, subjacente à beleza dos seus poemas (mais nitidamente nestes últimos), uma dolorosa interrogação metafísica que me comove muito. Teremos que conversar sobre isto porque meu pensamento está dando voltas mil(felizmente eu tenho o privilégio de poder fazê-lo pessoalmente também).
Um abraço.

Tinta Azul disse...

Caro Carlos,
Gostei deste poema. Muito.
Abraço.

Lua Durand disse...

Belo poema, de significativos versos.

Palavras do mundo de alguém.

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já pensou em juntar seus poemas em um livro?

beijos, au revoir.