quarta-feira, setembro 26, 2007

sobras da noite


a noite é saudade que não se mensura,
após fechada a porta.
quando o silêncio assume os semblantes da estranheza,
e o traçado das lesmas na parede
é consumido, como tudo em volta.
não sinto o coração batendo ao peito.
os casulos das horas se fecharam.
mas tenho tudo, os sobejos da noite:
a canção dos grilos,
o trabalho contínuo da poeira,
e a inutilidade dos biscuits.

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Carlos Henrique Leiros
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[moon and half dome (ansel adams)]

10 comentários:

Anônimo disse...

a noite o mundo pára...

beijo

Maria disse...

Assim é, a noite....

livia soares disse...

Olá, CH...
Às vezes eu me sinto exatamente assim. Como se a serenidade fosse uma promessa não-cumprida e a noite apenas agudizasse a consciência da Falta (ou da Sobra). Existencialmente, dá no mesmo: é melancolia na certa. Mas tudo se resolve no cansaço e no outro dia começamos tudo de novo... e ainda assim, há beleza na constatação dessa precariedade. Vc me fez lembrar da frase de Nietszche: "A arte existe para que a realidade não nos destrua".
Um abraço.

devaneiosaovento disse...

Caro Carlos

Percebo que essas sobras noturnas na qual vc muito bem expressou em versos, é na verdade a própria existência, dolorida por vezes. Lembrei-me do clip Left Behind. Sabe? me senti ao ler como o personagem lá, no momento que se fecha para a vida. Ah, sim, tem uma ressalva, dias melhores devem existir (creio ser sensato acreditar nessa possibilidade, nos impulsiona a superar)
abraços

m disse...

o que sobra das noites minhas sou eu. não consigo consumir o que os outros consomem, mas consumo cada uma de mim. são várias. e no final, ainda que cheia e não-satisfeita, ainda sobro a mim mesma.. ultrapassando todas as minhas decisões.

beijos tantos, figura!

Elsa Sequeira disse...

Olá!!
Passei por cÁ!! aDOREI!! pARABÉBS! cONTINUA!!

Convido-te a escrever uma CARTA POR DARFUR!

http://eu-estou-aki.blogspot.com

bjts

Lua Durand disse...

ela estava lá.

Ludmila Prado disse...

parabens muito lindo seu blog

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Caríssimo, belas, densas, delicadas, tuas traduções poéticas dos sentires, mesmo de solidões e saudades!... Sim, é na ausência que certas presenças se fazem mais preementes, e o vazio das horas, ou da alma, é na verdade cheio de sobras e sombras, brilhos e cintilâncias, resquícios do vivido...
Beijos alados.

Tata disse...

E eu bem sei do que aqui se fala.