quarta-feira, novembro 07, 2007

das musas que se foram


cinzas lancei,
no dia em que as musas se calaram,
e sacudindo a cor de suas vestes,
seguiram meu olhar, em direção ao norte.
.
conservo delas algumas lembranças:
beijos roubados na escuridão,
de lábios vagos e sobressaltados,
como mexilhões entreabertos.
.
feliz não digo que fiquei, mas quando
me vejo saciada em cinzas e inocência,
sinto nos ossos, nervos, carne, poros,
como se houvera nascido repleta.

.
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Carlos Henrique Leiros
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[salome (ivan pinkava)]

14 comentários:

Anônimo disse...

"beijos roubados na escuridão,
saciada em cinzas e inocência,
como se houvera nascido repleta."

E surge um poema novo, dentro do seu próprio poema.

vc inspira, como suas musas.

beijo

Anônimo disse...

Belo e forte como sempre os seus poemas cara. Perfeitos, porque montam uma imagem indelével na mente de quem lê!

devaneiosaovento disse...

Caro Ch
quanta sensibilidade ao se falar das musas que se foram.
Achei interessante a interferência
da musa, se insere dentro do poema, como se fazendo ouvir
quem sabe uma voz sussurada
ao mencionar, olhando ao poeta
"... vejo saciada em cinzas e inocência,
sinto nos ossos, nervos, carne, poros,como se houvera nascido repleta"
uma integração do poeta dando vida a sua musa,a poesia maior.
--
Caro poeta,minha reverência a sua inspiração.
um abraço grande da amiga de sempre
Edna

livia soares disse...

Olá, CH.
Meter-se com as musas dá nisso... a gente se habitua e se convence de que nasceu para o ofício. Vc toca, às vezes (como agora) nuns pontos adormecidos que prontamente despertam e logo me trazem sentimentos evocados por minhas primeiras leituras de Cecília Meirelles (indispensável, viu?). O trecho em questão diz assim: "...pois este foi meu estudo / para o ofício de ter alma/quando o que era muito, é único/ e por ser único, é tácito." Não sei de qual poema é, mas vou procurar e lhe digo. Acho que tem algo a ver com ter nascido repleta, mas precisar das musas para lembrar disso... quando aprenderemos a lidar com o milagre de estarmos vivos aqui e agora? O que conta é que vc está escrevendo lindamente e com profundidade, atributos difíceis de conciliar nestes tempos frívolos em que vivemos. Mas continuemos, não é? Porque "é nosso dever e nossa salvação".
Um abraço.

Berta Helena disse...

Carlos,

As musas, inspiração de quem escreve, inspiração para um poema muito bem conseguido.
Como os outros que tenho lido neste Almofariz.

Um abraço.

mg6es disse...

Carlos, td bem?

demorei a vir aqui, fazer-te uma visita, e, agradecer-te a sempre presença no nosso Blogde7.

sempre com um olhar aguçado, buscando a alma do poema. e achando-a.

gostei do teu blog, e da tua poesia; madura, consistente.

linkarei.

abração.

Tinta Azul disse...

Imagina se as musas não se calassem. No seu poema, vê-se que elas lhe falam e que bem lhe falam!
Um abraço

miKael disse...

Sou eu mesmo!
.
o 'maledito' q voltou das sombras p te atormentar rsrs
.
mta saudade do meu dindo, e de tds meus amigos do flogao
.
ainda não sei mto bem o q fazer com meu blog...
.
vc sabe como é difícil minha relação com a escrita...
.
às vezes, acho q preferiria visitar e comentar em espaços q tanto gosto
.
creio q sabe, quase sem querer, q só estou por aqui pela possibilidade de me sentir mais próximo de pessoas como vc
.
além disso, estou desprovido de musas, e meu coração se alimenta de saudades...
deve ser por isso q tenho lido ao invés de escrito
.
deve ser alguma espécie de maldição
só sei escrever com o coração
prenhe de fúria, dor e paixão
.
mesmo assim, farei de td para manter ativo este novo espaço.
.
um abraço apertado
do seu afilhado desnaturado
.

miKael disse...

.
vc não achou q eu iria embora sem comentar sobre seu poema, achou? rs
.
se eu gostei? claro
.
logo eu q sou movido por musas
e sei mto bem a sensação de desalento qdo elas se vão
.
uma curiosidade,
creio q este seja o primeiro poema seu q eu leio sem ter q recorrer ao dicionário (rsrs)
.
a linguagem mais simples utilizada neste poema foi intencional, para dar uma idéia de "falta de inspiração" devido ao silêncio das musas?
ou, seria apenas uma coincidência?
ou, talvez, reflita uma nova fase poética?
.
fiquei curioso
.
um grande abraço
e q vc continue a nos inspirar

Tania disse...

"cinzas lancei,
no dia em que as musas se calaram,
e sacudindo a cor de suas vestes,
seguiram meu olhar, em direção ao norte."

Realmente, Carlos, como a sua poesia é elegante... tão só comecei a ler o poema e essa imagem inicial encheu os meus olhos de nostalgia...

Um abraço grande, com votos de uma ótima semana.

Anônimo disse...

huuuuuuuum, tem cheiro de jasmim!

nairle disse...

nairlê, disse...
sempre quando posso venho aqui no teu teu blog vê sua última criação. Este poema é de uma delicadeza impar, que venham as musas para gerar muitos "beijos roubados na escuridão..." e iluminem a inspiração do poeta para que ele continue a burilar as palavras e criar imagens arrebatadoras

m disse...

suas palavras terapeuticas são tão.. tão dignas! até me envergonho das minhas.. hahaha

beijos, figura!

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Muito belo, caríssimo!
E fico contente em saber que apreciaste a homenagem... pois estou feliz em compartilhar uma amostra de tua poesia com os visitantes do Ânkoras&Asas.
Passo para deixar mais um abraço alado azul, e celebrar a amizade, nobre sentimento a entrelaçar almas humanas!